Vai-Vai

O Bixiga teve forte influência cultural dos afro-descendentes na formação do bairro, que ocuparam principalmente a região do Riacho Saracura. Ali originalmente eram plantações, que iam da Santo Amaro e Consolação até a Paulista. Muitos escravos fugitivos formaram quilombos nessa região, e com a abolição, um grande contigente de negros estava ali concentrada.
Com a chegada dos italianos ao Bixiga, duas tradições mesclaram-se na quermessa em louvor à Achiropita: o batuque dos negros e a festa italiana pela santa, unindo a grande tradição musical dos negros às comemorações locais.
Nessa época, o carnaval de SP eram formado por cordões e blocos, de choro e batuque, que se encontravam e saíam às ruas.
No Bixiga, a diversão ficava por conta da turma do time de futebol do Cai-cai, que também tinha um grupo musical que tocava polca, marchinhas e valsa, liderados pelo Vitor. Também fazia parte do Cai-Cai o Livinho, que sempre levava um grupo de amigos que logo ficaram conhecidos como “ penetras”, pois iam sem ser convidados. Vitor e um grupo do Cai-Cai expulsaram Livinho e sua turma de uma das festas com a frase que deu origem ao cordão carnavalesco “ vaimbora daqui, vai, vai, que aqui ceis num entram”.
Essa turma então formou o time de futebol Vai-Vai, que gostava, além do esporte, de samba. Assim em 1930 a turma montou o Bloco dos Esfarrapados, que saía da frente do campo da Luzitana. No ano seguinte o Bloco fundou o grupo Carnavalesco Vai-Vai, que foi o primeiro a apresentar um carro alegórico no carnaval.
Em 1966 , a Vai-Vai sai com seu primeiro enredo e já em 1968 é vice-campeã com sua Exaltação à Família Real. Foi campeã ainda em 1970, 1978, 1981, 1982, 1986, 1987, 1988, 1993,1996,1998, 1999, 2000, 2001 e 2008.
Até 1972 carnaval e futebol eram a base da Vai-Vai, quando se transformou definitivamente em Escola de Samba.
Hoje o ensaio da Vai-Vai, faz parte dos grandes eventos do bairro, onde todos os finais de semana, a partir do mês de agosto até o carnaval, se aglomeram na Rua São Vicente uma multidão de pessoas, para um congraçamento de etnias sem igual na paulicéia.